Châteauneuf-du-Pape
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Essa é uma das regiões vinícolas de maior reputação no mundo! Só isso já seria um bom motivo para conhecê-la melhor. Mas a história de Châteauneuf-du-Pape tem ainda muito mais a oferecer para os amantes do vinho!
Essa região, localizada no sul da França, já era produtora de vinho desde o Império Romano, mas foi a partir do século 14 que o vinho produzido ali realmente se desenvolveu.
Primeiro, o papa Clemente V (1264-1314) mudou a sede da Igreja Católica, de Roma para a cidade francesa Avignon, em 1309. O papa seguinte, João XXII (1244-1334), construiu um castelo em Châteauneuf (a 20 km de Avignon), para ser sua casa de veraneio, e o vinho desta região passou a ser conhecido como Vin du Pape, já que abastecia regularmente a residência papal.
Châteauneuf significa “novo forte”, ou “novo castelo”. Châteuneuf-du-Pape é o novo castelo do Papa, portanto. E é o castelo que vemos, ao fundo, à direita, na foto do início do artigo.
Com o fim dos “Papados de Avignon” (a sede da Igreja voltou a ser Roma, em 1377), as guerras religiosas do século 16, a Revolução Francesa no final do século 18, e a ocupação nazista na 2ª Guerra Mundial, o famoso castelo ficou em ruínas, mas é um dos muitos pontos turísticos europeus que merece ser visitado!
Com o objetivo de evitar fraudes e falsificações, produtores locais criaram normas para fiscalização dos verdadeiros vinhos Châteauneuf-du-Pape, que depois deram origem ao sistema AOC (Appellation d’Origine Contrôlée), influenciando também a regulamentação de denominação de origem da vinicultura de outros países.
Além da importância histórica, o que mais faz esses vinhos serem tão especiais?
Sua ampla gama de aromas e sabores, e, principalmente, sua textura rica e redonda, suntuosa e opulenta, que torna um Châteauneuf-du-Pape praticamente incomparável com a maioria dos vinhos do mundo.
Uma das características mais marcantes da denominação Châteauneuf-du-Pape é a abundante quantidade de variedades que podem ser utilizadas: treze.
Costuma-se dizer que Grenache, a variedade predominante da denominação (80%) dá o caráter dos vinhos de Châteauneuf-du-Pape. Nem todas as cepas são utilizadas em todos os vinhos, é claro, e elas podem ser vinificadas em conjunto ou separadamente. Junto com a Grenache, Syrah, Mourvèdre e Cinsault são utilizados essencialmente para vinhos tintos, onde também podem aparecer Counoise, Vaccarèse, Terret Noir e Muscardin. O vinho branco é produzido a partir de Clairette, Grenache Blanc, Roussane, Bourboulenc, Picpoul e Picardan.
As regras que regulamentam a produção de vinhos rotulados como Châteauneuf-du-Pape está entre as mais rígidas, de maneira a garantir um produto com características únicas, e de alta qualidade. Para se ter uma ideia, a colheita deve ser necessariamente manual, e o rendimento máximo estabelecido para os vinhedos, de 35 hectolitros por hectare, está entre os mais baixos de toda a França. Se quiser ler sobre como esse tipo de controle interfere na qualidade de um vinho, clique aqui.
E, além de cumprir todas as regras estabelecidas pela legislação, muitos produtores de Châteauneuf-du-Pape também são orientados por práticas de cultivo orgânico e biodinâmico, que oferecem as expressões mais naturais de uma uva, com vinhos igualmente considerados mais puros.
Conhecer pessoalmente a região, visitando o castelo, coisa e tal, infelizmente talvez seja para poucos... Mas aproximar-se dessa história, por meio de seus vinhos, parece ser um excelente começo! O que você acha?
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